by maggie taylor

terça-feira, 7 de junho de 2011

tua cara no meio das gotas particulares da chuva

Os pássaros nadam no céu, os peixes voam no mar, e o fundo está acima e abaixo de ti. Tu estás no meio― uma salsicha num pão de cachorro quente com Cronos a mastigar-te com todas as iguarias que lhe aguçam o paladar- milho, ervilha, batata-palha, tempero verde picadinho. Não metes a proa, segues com o vento na fúria da proximidade céu-mar que sabes ser uma só coisa desde lá, no infinito. Tu salsicha/minhoca lentamente degustada te empenhas para permanecer no cárcere definitivo da terra. Homem isca resvala o pé e cai na água para não bater a costela. Foi para o céu? Na beira, com frio e medo, se aquieta, a trazer outra respiração, menos curta. A visão já não é turva, e molda o filho João, a mulher Isabel. Transforma a areia, aos poucos, em pássaros, casas, a Sanga com a pinguela da Vila, barcos e peixes, até as estrelas que pôde ver como se fosse dia no mar. És Deus.
Abençoado sejas, salsicha/minhoca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário